terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Gravidez na Adolescência


Gravidez na Adolescência

Adolescência é o período entre os 11 e os 19 anos, em que ocorrem alterações físicas, psíquicas e sociais. É a fase de transição da infância à idade adulta. Sob efeito hormonal, o corpo da criança vai-se transformando progressivamente no corpo adulto. Os meninos e as meninas deixam seus interesses infantis e passam a se interessar por “assuntos de adultos”, como moda, carros, namoro e sexo. Nessa fase, os adolescentes sentem uma enorme necessidade de firmação de caráter e personalidade. A companhia da família é substituída pela companhia dos amigos, geralmente formados em “grupos, turmas”, que pensam, agem e vestem-se iguais. Cobranças são colocadas aos adolescentes que, se não agirem de tal forma, não fazem parte desse ou daquele grupo. Muitos abrem mão de valores familiares e/ou religiosos em troca de hábitos nada saudáveis como drogas, bebidas, sexo livre e desenfreado, sem pensar ou medir as conseqüências para eles e para os outros. Com o grande apelo sexual da mídia, meninas estão deixando de ser meninas mais cedo para se tornarem mulheres mais jovens. Isso resulta em alteração hormonal precoce, com menor idade para a menarca (primeira menstruação) e desenvolvimento precoce dos caracteres sexuais secundários femininos (quadris, mamas etc.). Assim, o primeiro beijo e a primeira relação sexual acontecem muito cedo (esta, em média, aos 12 anos de idade) e, como conseqüência, muitas meninas ficam grávidas nessa faixa etária. Meninas que, pouco tempo antes, brincavam de bonecas, “brincarão” agora com seus bebês, e bebês de verdade! Muitas dessas meninas são expulsas de casa quando os pais delas sabem que estão grávidas. Algumas cometem o aborto; outras abandonam seus filhos como “coisas”. Por que isso acontece? Falta de orientação familiar? Perda de valores morais, pois “sexo bom é sexo livre, sem compromisso”? Cobrança das amigas (“Você ainda é virgem? Em que século você vive?”)? Segundo o site da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, em 1999 foram registrados 144.362 casos de gravidez na adolescência no Estado. Em 2000, foram 136.042. Já em 2001 houve 123.714. Em 2002, 116.368. Em 2003 foram 109.082, em 2004, 106.737 e, em 2005, 104.984. A gravidez na adolescência caiu 32% no Estado de São Paulo nos últimos 2 anos. É o que aponta o mais recente levantamento da Secretaria de Estado da Saúde. Em 2006 houve 100.631 mulheres com menos de 20 anos grávidas, contra 148.019 casos ocorridos em 1998. Desde 1996 a Secretaria adotou um modelo de atendimento integral à adolescente, que contempla o aspecto físico, psicológico e social. Além de informação e orientação, o trabalho busca identificar as emoções, medos e dúvidas dos adolescentes sobre afetividade, relacionamentos e sexo seguro. Rotineiramente a Secretaria investe em capacitação, organizando palestras e cursos a profissionais médicos que cuidam de adolescentes por todo o Estado. Para auxiliar na prevenção à gravidez indesejada, a Secretaria decidiu ampliar o acesso das mulheres, inclusive adolescentes, a métodos anticoncepcionais, começou a distribuir pílulas do dia seguinte, camisinhas e panfletos informativos sobre contracepção de emergência. Sem dúvida, é obrigação da família e da sociedade em geral mostrar aos adolescentes que, além da gravidez, outra conseqüência do sexo “livre” são as doenças sexualmente transmissíveis, como a AIDS, o HPV, a sífilis, a gonorréia etc., e que a AIDS, apesar da medicação que garante uma sobrevida em média de 20 anos com o vírus, não tem cura! Palestras escolares, orientação familiar e formação moral e religiosa tendem a ser o tripé na conscientização dos jovens, meninos e meninas, que podem viver as emoções da adolescência, boas e ruins, mas de uma forma segura e saudável, sem colocar a sua vida e dos outros em xeque. Mais informações sobre Gravidez na Adolescência clique aqui.

* Médica residente em Clínica Médica do Hospital Servidor Público do Estado de São PauloIsabel Filomena Bechara Khouri