sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Dor


DOR
Certa vez, ouvi de um amigo a seguinte frase: “A pior dor do mundo é aquela que você está sentindo naquele momento”. Realmente, a experiência de dor é algo muito desagradável. É um sintoma freqüente nos serviços de atendimento à saúde, seja particular ou público. Muitas doenças cursam, por si só, com uma carga significativa de dor. Segundo a Associação Internacional de Estudos da Dor (IASP), tem-se como definição de dor uma “experiência sensorial e emocional desagradável, associada a dano presente ou potencial, ou descrita tem termos de tal dano”.Dor é uma queixa subjetiva, em que cada um percebe o mesmo limiar doloroso de forma particular. Sua intensidade e a forma como é demonstrada varia conforme as culturas. Os orientais, por exemplo, são condicionados a não incomodar o outro e, com isso, tendem a suportar as dores sem queixá-las, o que pode ser extremamente perigoso. O infarto agudo do miocárdio é uma doença em que a dor é a principal queixa do paciente. No caso dos orientais, o médico deve ficar muito atento pois eles raramente se queixarão de dor ou, quando o fizerem, será em caso de dor extrema.Existem vários tipos de dor. A dor física é aquela em que existe lesão em algum tecido orgânico e, por reação inflamatória, ocorre a dor. É algo palpável, visível. O paciente conta ao médico que sente a dor e, muitas vezes, esta é justificada por uma disfunção local ou sistêmica. Pode ser em pontada, queimação, aperto, “choque”, fisgada etc.A dor psicossomática é aquela em que são investigadas doenças físicas através de exames físico e laboratoriais, porém nada é encontrado. É uma forma que o cérebro encontra de dizer que existe algo errado no organismo, na área psicológica, enviando um estímulo interpretado como dor física mas que, na verdade, é a dor da alma. “O coração sente, o corpo dói”.Um paciente com uma doença crônica e incapacitante, como o câncer, seqüela de queimadura, artrose etc, pode ter a chamada dor total que, além da dor física, abrange a dor moral: a perda da autonomia, da locomoção, a dependência do outro. Devemos dar o remédio certo para a dor certa.Para a dor física, analgésicos de acordo com sua necessidade, desde o mais “leve” até os mais potentes, como a morfina. Para a dor da alma, devemos dar o remédio certo: carinho, compreensão, um ombro amigo. O remédio, no entanto, é capaz de aliviar temporariamente a dor da alma. Não é dado a nós, médicos, a capacidade de curar a causa. Esta só pode ser curada por Deus, por Jesus.

* Isabel Filomena Bechara Khouri